quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Novidades I

Estas novas emoções me deixaram desconcertado. Por cinco segundos, fiquei sem ação, bloqueado por minhas diretrizes até conseguir minimizar os efeitos da raiva. Pela primeira vez eu compreendi como Eve se sentia em relação ao Professor da Ella. Não era um sentimento agradável ou bom, pretendia consertar esta parte da minha programação e com isso evitaria fazer mal a qualquer ser humano no futuro.


Com as novas emoções sobre controle, desviei do rapaz sem me pronunciar. O melhor a fazer era não aceitar sua provocação. Minha única reposta ao seu desafio foi virar-lhe as costas e caminhar de encontro a minha namorada.


Segui-a até o mostruário de roupas. Estava tocando e analisando as peças, quando olhou para mim por alguns segundos e comentou:

– Estou pensando em comprar algumas roupas para o papai. Ele sempre reclama de um botão fora do lugar ou de meias puídas.


Não esperava por nenhuma reposta e se voltou para o mostruário. Selecionou várias peças, calças compridas, camisas, roupas íntimas e meias. Colocava tudo em meus braços. Respeitei seu silêncio sobre o Reynald, embora esperasse uma explicação em breve.


Após cinquenta e dois minutos e vinte e quatro segundos separando peças variadas de roupas, minha criadora deu por terminada a tarefa. Carreguei tudo até o caixa da loja. Chegando lá, uma jovem de cabelos ruivos e longos nos cumprimentou por trás do balcão.


Depositamos tudo a frente do caixa, quando a mulher amada percebeu seu erro divertida e disse:

– Esqueci de trazer minha bolsa! Não estou mais acostumada a andar com cartões ou dinheiro.


Em seguida explicou a moça do caixa seu problema. A princípio a jovem ficou desconfiada, porém ao mencionar seu nome junto ao da Eve, o tratamento mudou. A vendedora esperava sua vinda à loja e a artista havia aberto um crédito em nosso nome no clube. Muito solicita guardou as caixas de presente atrás do balcão, para as pegarmos quando terminássemos o passeio.


Passamos pelo deck, onde vi o rapaz conversando com outra ruiva. Os dois estavam sentados e entretidos, ele não nos notou desta vez. Descemos até a praia e chegamos a um recanto aconchegante onde havia uma cachoeira artificial de água salgada. Segundo a minha namorada, o lugar era especial e muito romântico.


Entendi perfeitamente qual era a intenção da Ella ao insistir para sentarmos em uma namoradeira, naquele recanto isolado do clube. No entanto, eu precisava averiguar qual foi a sua relação com o Reynald e perguntei:

– Você namorou aquele rapaz na Universidade, não foi?


Sem hesitar a mulher amada respondeu:

– Não sei se foi bem um namoro. A gente saiu algumas vezes juntos, mas em seguida tranquei o curso e me afastei de todo mundo... – Como suspeitava, ele era o rapaz com quem saía antes de ser atacada pelo facínora.


Agilmente, pulou para o meu colo e completou:

– Adam, você não precisa se preocupar com o meu passado. Eu estive interessada nele um dia, ele me tratava bem. Mas eu estou com você hoje e por mais estranho que este nosso amor possa parecer, não desejo estar com nenhum outro.


Não respondi com palavras, depois de sua declaração, eu necessitava dar-lhe um beijo e demonstrar o meu amor com gestos. Fiquei perdido no calor dos seus lábios, na rendição doce de sua língua e no sabor suave de sua boca. Passamos o restante da tarde nos acariciando e entregando ao anseio premente de estarmos juntos.


Minha namorada estava mais ousada em seus carinhos e me ensinava como gostava de ser tocada. Eu atendi todos os seus caprichos em ebulição, satisfazer-lhe os sentidos estimulava os meus. Não fomos além beijos e carícias sensuais, limitados pelas vestimentas. Era um local público e havia a possibilidade de alguém aparecer.


O sol se escondeu e a escuridão se abateu sobre nós. A mulher amada me afastou afetuosa e explicou:

– Eu adoraria ficar assim com você a noite toda. Mas estou faminta, aquela refeição leve no almoço não me sustentou. Preciso de mais calorias. – Não esperei um segundo pedido, com prontidão a ajudei a ficar de pé e caminhamos até o restaurante.


Ficava no último andar do prédio. Ao entrarmos, me apresentei ao maître e falei da nossa reserva. Ele nos cumprimentou e disse estar nos aguardando. Havia mesas no deck, entretanto a mesa da artista era estrategicamente colocada no centro do salão, próxima a janela e de frente para mar.


O maître nos desejou um bom jantar e agradeceu a nossa preferência. Examinei-o com atenção, estava aturdido com a cor de seus olhos negros e brilhantes, repletos de cortesia. A largura de seus ombros e principalmente o tom da sua pele chamaram a minha atenção. Vi muitas fotos de pessoas negras na internet e reconheci sua etnia, a cor de chocolate de sua pele se destacava de forma inconfundível.


Sentamos a mesa e quatro segundos depois, cardápios foram colocados em nossas mãos. Ella me explicou que era para escolher uma das refeições descritas ali. Meu desejo era experimentar um pouco de tudo, entretanto meu sistema digestivo era limitado e não poderia ingerir tanta comida em um só dia.


Comentei sobre isso com a minha namorada. Sorriu indulgente com minha atitude infantil e se comprometeu a jantarmos todas as noites no restaurante, durante nossa estadia no continente. Assim eu poderia apreciar uma boa parte do cardápio.


Um rapaz loiro com olhos azuis se aproximou e anotou nossos pedidos, ouvi entre murmúrios e risos do outro lado do salão, o nome da mulher amada. Notei o Reynald com um grupo de amigos olhando para nós. Eu estava interessado em conhecer mais seres humanos, porém era desconfortável conviver com tantas pessoas em um só ambiente, era muita informação para os meus sensores. Ainda precisava me adaptar a isso.


O jovem era realmente insistente e enquanto seu grupo seguia para a mesa, parou ao nosso lado sorrindo. Convidou Ella para se juntar a eles mais tarde, seguindo-os para a boate do clube após a refeição. Minha namorada foi incisiva e o lembrou de estar muito bem acompanhada.


Neste momento me coloquei no lugar dele e toda a raiva gerada em meu sistema se dissipou, fiquei triste por ele. Seria muito difícil aceitar e ver minha criadora namorando outra pessoa. Por isso a interrompi e disse:

– Podemos encontrar vocês mais tarde, se Ella não estiver cansada.


O Reynald se retirou inconformado. A mulher amada olhou para mim e perguntou:

– Porque disse isso? Pensei que não gostasse dele... – Replicou insegura.


Observei a mesa onde estava o grupo do rapaz, a cada segundo olhava minha namorada com interesse e preocupação. Não tinha motivos para me irritar com ele, apenas concordar com a sua admiração. Ella era irresistível, doce, inteligente e adorável. Esta combinação é encantadora, não há como não ficar enamorado.


Então respondi:

– De início, o vi como uma possível ameaça ao nosso romance. Não gostei e senti raiva pela primeira vez em minha curta vida. Após você me esclarecer os fatos tão apaixonadamente esta tarde, não o vejo mais como um possível rival e não tenho motivos para mantê-lo afastado.


Fomos interrompidos pela chegada do garçom com o nosso jantar. Eu estava fascinado com o seu tamanho, era muito alto, de ombros largos e loiro. Descrição exata dos vikings sobre os quais li em tantos livros. Observei-o caminhando de costas, percebi o seu cabelo comprido e preso. Não tive dúvidas, faltava apenas a barba trançada e o chapéu de chifres para caracterizá-lo. Os livros e fotos ganhavam vida a minha frente.


Após um jantar aprazível e apetitoso, descemos até a boate. Ficava na parte mais baixa do prédio e de frente para o mar. Sentamos nos bancos do bar e segurei a mão da mulher amada por sobre o balcão. Acariciei seus dedos me deliciando com a pele fina e aveludada, relembrando outras partes do seu corpo com a mesma textura. Nem reparamos o Reynald passar com seu grupo.


Notei-o conversando com a bartender, estava muito animado. Em minha memória relembrava o rosto da bela jovem, morena de olhos castanhos penetrantes e belos cabelos escuros, ela havia nos oferecido uma bebida quando nos sentamos ao bar. O grupo de amigos seguia a batida insistente da música eletrônica, guiados por uma DJ na pista de dança.


Ao virar-me para a minha namorada, ouvi sua voz doce e afável:

– Adam, você se incomoda de voltarmos para casa? Acho que não estou mais acostumada com o som tão alto. – Eu concordei, foram muitas as novas sensações despertadas naquele dia e para mim era conveniente sair mais cedo do lugar.


Passamos na loja para pegar os embrulhos de presente e fomos para casa. Estávamos animados com as novidades do dia, mas principalmente em podermos ficar a sós novamente. Almejava continuar nosso namoro romântico desta tarde, receber os beijos e o carinho da mulher amada.


Logo ao chegarmos, Ella entrou no banheiro. Resolvi guardar a calça e a blusa no armário, mantive apenas minha roupa de baixo, algo usual quando aconchegava minha namorada em meus braços durante a noite. Fechava as portas, quando a avistei saindo do toalete sem seu belo vestido, apenas a calcinha e o sutiã a cobriam.


Acessei os ensinamentos da Eve sobre lingeries, enquanto a admirava. Seda, renda e cetim eram utilizados como prelúdio de uma sedução. As cores diziam muito sobre como agir, rosa era a cor universal do amor e romantismo. Ella usava um conjunto rosa chá de seda, detalhes em renda e pequenos laços de cetim. Havia um convite claro e eu estava muito disposto a aceitar.


2 comentários:

  1. É agoraa!!!! Vai que é tua, robozinho!!!! Vai ativar o dispositivo, hein!!!!

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  2. Oi Susu!!!!!!
    Pronta? Vou publicar a inauguração agora...
    bjosmil!!!! *.*

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